sexta-feira, 22 de julho de 2011

Memórias: Capela de São Sebastião



As nossas Memórias são hoje dedicadas à Capela de São Sebastião. Não que o templo tenha desaparecido, mas sim porque a oportunidade se nos afigura como a ideal para trazer à estampa esta foto, da autoria de Olímpio Craveiro.
Sobre a história da Capela de São Sebastião pouco se conhece. Uma recolha rápida de informações permite-nos concluir que, no lugar onde hoje se encontra este templo, existiu uma ermida, onde se veneravam as imagens de Santa Iria e São Crispim. Foi também neste local, mais precisamente numas pequenas casas aqui existentes, que residiram os frades fundadores do Convento de Santo António, Frei Hierónimo de Jesus (natural de Viana do Castelo) e Frei Cristóvão de S. Joseph (natural da Sertã). Aliás, o primeiro destes chegou a ser sepultado nesta ermida, tendo sido mais tarde (1650) transladado para o Convento.
A capela terá sido construída no século XVIII, restando desses primeiros tempos apenas umas pinturas quase imperceptíveis no arco-mestre. Ao longo dos anos, as várias intervenções que sofreu descaracterizaram bastante o interior deste templo religioso, situado junto à zona da Carvalha.

Povoações: Serra do Pinheiro (freguesia da Sertã)

O nome original deve-o a um dos seus habitantes mais ilustres, apesar de hoje todos conhecerem a povoação por Serra do Pinheiro. Mas em tempos mais recuados, a designação deste lugar era outra, mais precisamente Serra de Pedro Nunes.
De Pedro Nunes pouco ou nada se sabe, além de que foi um proprietário bastante abastado e que viu o seu filho (João Nunes) casar em Cernache do Bonjardim, no dia 25 de Setembro de 1580, com Catarina Colaço.
Quando por aqui morou, a povoação chamava-se apenas Serra, sendo de crer que os seus limites abarcavam também o território vizinho, hoje conhecido por Serra de São Domingos. Foi já depois da morte de Pedro Nunes e em sua homenagem que o lugar passou a ser conhecido por Serra de Pedro Nunes.
Segundo as Inquirições mandadas fazer pelo rei D. Manuel I, em 1527, a Serra de Pedro Nunes possuía nessa altura apenas cinco fogos, um número que passou para o dobro (11) em 1730, altura em que se fizeram novas inquirições régias.
A povoação fazia parte da Capelania de São Domingos, juntamente com os lugares de Amioso, Cimo da Ribeira, Verdelhos, Picoto e Picotinho, Serra de São Domingos, Herdade, Passaria (antigamente conhecida por Aldeia de Maria Vicente) e Venestal. Refira-se que a criação desta capelania remonta aos finais do século XVIII, altura em que, devido à grande extensão da freguesia da Sertã, o Grão Priorado da Sertã decidiu criar esta e outras capelanias para melhor atender às necessidades litúrgicas e espirituais dos fiéis. Cada capelania tinha uma capela, onde era servido um capelão dizer missa aos domingos e dias santos. O primeiro capelão da Capelania de São Domingos foi João Nunes.
A agricultura e, mais tarde, a exploração florestal eram as principais fontes de subsistência dos habitantes da Serra de Pedro Nunes, que em 1911 ultrapassavam já a centena de indivíduos, espalhados por 23 fogos.
Não se sabe quando é que o nome actual (Serra do Pinheiro) começou a ser utilizado mas alguns documentos dos finais do século XVIII já veiculam esta nova designação.
Hoje, a Serra do Pinheiro continua a contar com um número bastante assinalável de habitantes, apesar de alguns se terem ausentado para o estrangeiro ou para a cidade de Lisboa.

Fontes: Casa do Infantado (Maço 120); Certã Ennobrecida (Manso de Lima); Antiguidades, Famílias e Varões de Sernache do Bonjardim (Cândido Teixeira); Cadastro da População do Reyno; A Sertã e o seu Concelho (António Lourenço Farinha)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sertã continua a perder população

Os dados preliminares dos Censos 2011 vieram confirmar o que já há muito se especulava. O concelho da Sertã voltou a perder população nos últimos dez anos, um cenário que se mantém ininterruptamente desde 1960, altura em que o número de habitantes chegou aos 27.997.
Olhando para os números agora revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), temos que a Sertã regista, em 2011, uma população residente de 15.927 indivíduos, um valor abaixo do verificado em 2001 (16.720 habitantes), ano que foi efectuado o último Censos. Quer isto dizer que nos últimos dez anos, a Sertã perdeu 4,74 por cento da sua população, um valor que, ainda assim, fica abaixo da queda verificada entre 1991 e 2001 (8,1 por cento).
No conjunto da Zona do Pinhal, apenas Vila de Rei não perdeu habitantes na última década (variação positiva de 2,83 por cento), enquanto Proença-a-Nova (-14,02 por cento) e Oleiros (-14,60 por cento) sofreram quedas bastante acentuadas entre a sua população residente. No distrito de Castelo Branco, além de Vila de Rei, apenas o município da capital de distrito não perdeu gente (aumento de 0,58 por cento), sendo que os restantes viram a sua demografia baixar consideravelmente, como sucedeu, por exemplo, com Idanha-a-Nova (-17,69 por cento).
Posto isto, e voltando à Sertã, urge analisar estes números de forma fria e objectiva. Claro que os discursos políticos dos últimos dias nos disseram que a situação é um reflexo do fosso, cada vez maior, existente entre o Interior e o Litoral, de várias decisões erradas dos nossos governantes (encerramento de escolas, centros de saúde e de outros serviços públicos), do desinvestimento numa larga faixa do nosso território e da dificuldade em fixar populações no Interior.
Tudo isto é verdade, mas tudo isto é também reflexo de alguma acomodação. Por exemplo, no caso da Sertã, é triste verificar que ao longo dos últimos 30 anos, poucas vezes o problema do despovoamento foi discutido de forma aberta e frontal, de modo a tentar identificar as causas e apontar as soluções. Porque se o problema é difícil de inverter, pelo menos o desígnio deveria ser o de manter a população que ainda hoje por aqui reside.
Uma iniciativa bastante salutar teve lugar em 2008, quando foi apresentado o estudo «Dinâmicas Populacionais e Projecções Demográficas da Sertã», que analisava o passado e o futuro da nossa população. Além de ficarmos a saber que a Sertã tinha perdido 42 por cento da sua população, nos últimos 50 anos, era-nos revelado que o concelho poderia perder, nos 25 anos seguintes, mais 11 por cento dos seus habitantes. Para já, perdemos 4,74 por cento, não sendo despiciente pensar que estamos no ‘bom caminho’ para perder ainda mais gente.
Com estes dados em cima da mesa, não podemos ficar de braços cruzados. O debate tem que ser sério e não marcado por agendas políticas, sempre dúbias e que poucas vezes obedecem aos interesses da nossa região.
Começa a ser tempo de os nossos representantes olharem de frente para o problema e não o arrumarem ‘debaixo do tapete’. E este debate já devia ter começado há 30 anos!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Maranho e Bucho em destaque no Festival de Gastronomia

O «Festival de Gastronomia: Maranho e Bucho» tem início no próximo dia 8 de Julho e decorre até 10 do mesmo mês. O certame realiza-se na Alameda da Carvalha, na Sertã, e conta com várias iniciativas ao longo dos três dias.
Este festival pretende “contribuir de forma sólida e consistente para a divulgação de um importante recurso sócio-económico da região que é a nossa gastronomia tradicional”, sublinhou José Farinha Nunes, presidente da Câmara da Sertã, que acrescentou: “O Maranho e o Bucho são produtos que importa defender e divulgar, dando-lhes visibilidade e permitindo que a sua fama atravesse as fronteiras da nossa região”.

O evento tem início na sexta-feira, 8 de Julho, com um workshop, subordinado ao tema «Gastronomia Vector Estratégico para o Turismo», que contará com as presenças de Daniela Araújo, Doutorada em Ciências Sociais pela UTAD e antropóloga no Museu de Arte Popular em Lisboa, Jorge Santos, professor na Escola Tecnológica e Profissional da Sertã, Pedro Martins Araújo, Chefe Executivo do Grupo AXIS, e Joel Hasse Ferreira, professor do Instituto Superior de Ciências da Administração (Grupo Lusófona).

O programa do primeiro dia continua depois com as actuações dos Tambores de Casal da Madalena (17h30m), do grupo Vira Milho (21h) e dos Trilhos (22h30m).

Para sábado, está agendada uma “representação viva das tradições do concelho” (16h), com a confecção de Medronho em alambique tradicional e de pão em forno tradicional, além da recriação da Malha do Centeio. Pelas 18 horas, terá lugar um concerto do Grupo Instrumental do CCD da Câmara Municipal da Sertã, e três horas depois avança o encontro de folclore, com as presenças do Rancho Folclórico e Etnográfico de Cernache do Bonjardim, Rancho Folclórico de Penacova, Rancho Folclórico de Pedrogão Pequeno, Rancho Típico de Pombal, Rancho Folclórico do Clube Bonjardim e Rancho Folclórico da Varziela. A fechar a noite (23h), sobem ao palco os Popxula.

No domingo, o programa abre com o Torneio de Sueca Inter-Associações (9h) e com a arruada de Filarmónicas (Filarmónica União Sertaginense, Sociedade Filarmónica Aurora Pedroguense, Sociedade Filarmónica União Maçaense e Sociedade Filarmónica Oleirense) pelas 10 horas. Às 15 horas terá lugar um Encontro de Concertinas (Grupo Seca Adegas, Os Amigos da Concertina de Proença-a-Nova, Grupo de Concertinas da Casa do Benfica de Vila do Rei, Grupo de Concertinas da Conceição, Grupo de Música Popular de Cernache do Bonjardim e José Cláudio & Catarina Brilha).

Na noite de domingo actua a banda Cosmos (21h) e o artista Zézé Fernandes (22h30m).
Ainda durante o «Festival de Gastronomia: Maranho e Bucho» estará patente ao público uma exposição fotográfica, que dará a conhecer os diversos passos da «Confecção do Maranho».